O setor impulsiona a inserção de indígenas migrantes e refugiados no mercado de trabalho
Novo ano. Novos os do Setor de Meios de Vida da Missão Roraima Humanitária na implementação de soluções duradouras. O setor é pautado por estratégias que possam promover meios de subsistência e autonomia para os refugiados que vivem nos três abrigos em Roraima – um em Pacaraima e dois em Boa Vista -, sob a gestão da Fraternidade – Federação Humanitária Internacional (FFHI), cujas ações são desenvolvidas em parceria com a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), sob a chancela da Operação Acolhida.
As atividades deste ano estão centradas em soluções duradouras com ações que propiciem o empoderamento e a autossuficiência dos refugiados indígenas, para que encontrem em terras brasileiras com perspectivas de futuro.
As ações desenvolvidas em janeiro deste ano englobam desde atividades mais simples, como a elaboração de currículos, ando por atividades mais complexas, como cursos de formação e mentorias de empreendedorismo desenvolvidas, na maioria das vezes, através de parcerias com órgãos públicos, instituições e entidades privadas.
A capacitação deste público-alvo, com o objetivo de impulsionar a inserção no mercado de trabalho, é uma das linhas de atuação do Setor Meios de Vida que desenvolveu várias atividades nesse sentido.
Em parceria com o Setor de Educação, foi realizada uma força tarefa nos abrigos para inscrição no Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja). Foram inscritos 59 refugiados do abrigo Pintolândia, 29 do Jardim Floresta e 25 do Janokoida.
Realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão do Ministério da Educação, o Exame constitui em uma prova gratuita para a concessão de certificados de conclusão do ensino fundamental e médio, aos que não tiveram oportunidade de concluir os estudos na idade escolar adequada.
Sebrae e Senai, parcerias relevantes
Aos participantes dos cursos profissionalizantes realizados pelo Sebrae em 2020, o Setor Meios de Vida promoveu atividades para ampliar os conhecimentos recebidos e assim, fomentar a autonomia e proporcionar a geração de renda para os beneficiários dos abrigos.
Durante o mês de janeiro foram realizadas duas oficinas nos abrigos Pintolândia e Janokoida, em datas diferenciadas. A primeira delas, com foco no empreendedorismo, foi ministrada pelo economista e monitor de Meios de Vida, Gabriel Cyrilo. Já a segunda, teve como tema a Organização do Espaço de Trabalho, Higiene e Segurança no Trabalho.
E ainda durante esse mês, os monitores do Setor Meios de Vida, selecionaram 16 refugiados da etnia Warao dos abrigos Jardim Floresta e Pintolândia, para participarem de oficinas ofertadas pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e terão início em breve. Na área de gastronomia foram oferecidas oficinas de fabricação de massa folhada e cupcake e os cursos de qualificação de instalador hidráulico e eletricista.
O primeiro emprego
Se para os brasileiros, a busca do primeiro emprego muitas vezes é uma tarefa árdua, imagine para uma pessoa na condição de refugiado e oriundo de outro pais com língua e cultura diferentes. Assim, quando um deles é inserido no mercado de trabalho brasileiro há muito o que se comemorar, como é o caso de Rosana Carolina Hernandez, da etnia Warao, que foi aprovada no Programa Aprendiz Legal da Caixa Econômica Federal, onde concorreu a uma vaga com mais quatro jovens da sua etnia.
A vaga, ofertada pelo Centro de Integração de Empresas-Escola (CIEE-RR), destinava-se a um jovem de 15 a 17 anos em situação de refúgio e que tivesse concluído o ano letivo em 2020. O processo seletivo contou com a participação do antropólogo Fernando Fileno, da Fraternidade – Humanitária (FFHI) e consistiu em uma entrevista em português e dinâmicas.
Mesmo não sendo aprovada, a dupla Richard Lopez e Isamar Herrera, que participou de um processo seletivo do portal “Trabalha Roraima”, considerou a experiência muito significativa só pelo fato de participar do processo. “Apesar de estar um pouco nervosa, sei que esse foi um o importante”, relatou Isamar, que foi aluna do curso de Técnicas de Panificação.
O Portal “Trabalha Roraima|” é uma iniciativa sem fins lucrativos mantida por um grupo de empresários do Estado.
Curso de Interprete de Línguas Indígenas
Das 30 vagas oferecidas para o Curso de Formação Básica de Intérprete de Línguas Indígenas, em Boa Vista, na modalidade Educação a Distância (EAD), dez foram preenchidas por indígenas da etnia Warao, representantes dos três abrigos e aprovados no processo seletivo.
O curso é resultado do trabalho em rede, no sentido de garantir os direitos linguísticos dos povos indígenas, com o objetivo de facilitar o o dessas populações aos serviços de saúde, justiça, educação e migração, e conta com o apoio da Organização dos Professores Indígenas de Roraima (OPIRR). As aulas foram realizadas no final de janeiro e início de fevereiro.
Projeto Crescer
Com grande expectativa, dezoito jovens Warao do Abrigo Pintolândia foram inscritos para o “Projeto Crescer” e aguardam o início das oficinas programadas para março. O Projeto, com área de atuação em Boa Vista, tem como proposta gerar emprego e inserir socialmente jovens de baixa renda ou em situação de vulnerabilidade. Direcionado incialmente a jovens dos 15 aos 23 anos, a faixa etária foi reduzida para até 18 anos, devido à pandemia. Durante as oficinas profissionalizantes, os jovens aprendem a confeccionar e a vender seus produtos.
Os jovens serão remunerados com uma bolsa de 180 reais e poderão comercializar os produtos confeccionados por eles em uma cooperativa criada com este objetivo.
A oficinas são ecléticas, com amplo leque de opções. Segundo informou a Prefeitura de Boa Vista, “serão oferecidas oficinas de marcenaria, luteria (manutenção de instrumentos musicais), serralheria, metalurgia, moda, serigrafia, educação para o trânsito e sinalização, artesanato, música, dança, cinema, meio ambiente, cozinha regional, panificação, hip hop, informática, teatro e biojoias.”